sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Notícias do fechamento

Análise técnica vê viés positivo, mas Petrobras pode pressionar Ibovespa

Por: Tainara Machado
10/09/10 - 19h31
InfoMoney

SÃO PAULO - Dados econômicos acima da expectativa trouxeram uma onda de alívio que teve início na semana anterior, mas manteve-se, em menor escala, nos últimos dias, segundo avaliação do Barclays. Com alta acumulada de 2,55% no mês, o Ibovespa avançou 0,19% na última semana, encaixando-se assim no perfil traçado pela instituição para os mercados emergentes.

Dentre os indicadores, destacaram-se, desde o início de setembro, os PMIs (indicador de atividade manufatureira), corte de empregos nos EUA menor do que o esperado e a terceira queda consecutiva dos pedidos de auxílio-desemprego no país.

Além disso, o Livro Bege do Fed manteve o tom, na quarta-feira (8), das últimas divulgações da instituição, ao afirmar que a atividade econômica continua a crescer, "mas com sinais espalhados de deterioração, na comparação com períodos precedentes". A norma, indica o banco inglês, são dados mistos, ainda que números mais animadores do mercado de trabalho tenham indicado que a recente desaceleração nos EUA não deve ocasionar um relapso mais sério, como foi veiculado pelo mercado.

Para a próxima semana, a expectativa de ausência de más notícias deve mostrar que operações conhecidas como range trading (ou, simplificando, comprar na baixa e vender na alta) estão aqui para ficar, ao menos por algum tempo, o que mitiga tanto a perspectiva de excitamento exuberante com o mercado quanto medos mais exarcebados de uma recessão em dupla queda.

Congestão
A perspectiva, assim, é de que o Ibovespa continue congestionado, jargão utilizado por analistas técnicos para um período em que as cotações de determinado ativo ou índice ficam estacionadas, oscilando dentro de um intervalo. Para Régis Chinchila, analista gráfico da Gradual, a definição do próximo movimento depende de resistências importantes que precisam ser rompidas, indicando o patamar dos 67.790 pontos.

Embora olhando exclusivamente para o Ibovespa o gráfico ainda mostre congestão, o analista acredita que o viés para a semana tende a ser positivo. Isso porque o S&P 500, nos EUA, fechou em 1.109 pontos nesta sexta-feira (10), enquanto a resistência estava situada em 1.105 pontos. Além disso, Chinchila não vê dados econômicos na agenda que possam atrapalhar esse movimento.

Mitsuko Kaduoka, analista do Indusval, acredita que a série de indicadores nos EUA e na Europa precisam ser observados, apesar do viés mais positivo dos dados recentes. Em sua opinião, os indicadores devem continuar a oscilar - ou, como definiu o Barclays, mostrar tendência mista -, porque a economia encontra-se em um momento de estagnação, em que o crescimento é pequeno e só deve voltar a ser robusto no longo prazo.

Pressão sobre Petrobras
Ainda assim, caso dados como vendas no varejo, produção industrial, indicadores de estoque e confiança do consumidor, todos esperados para essa semana nos EUA, fiquem dentro da expectativa, o foco volta a ser a Petrobras (PETR3, PETR4), o que deve colaborar para que o índice ande de lado, ao menos nesse mês.

Na opinião da analista, a oferta primária de ações da empresa, bastante volumosa, deve manter os papéis da petrolífera pressionados. Mitsuko avalia que há demanda para esse tamanho de oferta, mas não com esse nível de preço, que não permitiria upside significativo para os investidores. Por isso, até o fim do processo de formação de preço, no dia 23 de setembro, investidores podem se movimentar no sentido de baixar as cotações do papel.

Basileia 3
Além da agenda econômica e da Petrobras, Mitsuko Kaduoka ressalta o resultado da reunião de banqueiros centrais, prevista para acontecer este final de semana na Suíça, para aprovar as novas regras para o sistema financeiro internacional - Basileia 3. Em sua opinião, na segunda-feira (13) pode haver a divulgação de uma notícia inesperada, com a possibilidade de que as novas regras exijam que os bancos levantem mais capital.

No curto prazo, avalia Mitsuko, isso seria ruim, embora no longo prazo a medida deve ter efeito positivo. "Se sair algum resultado dessa reunião, vamos ver os mercados oscilando na segunda. O sentido dependerá da reação ao anúncio", conclui a analista do Indusval.

Semana termina com investidores de olho na China. Ibovespa sobe e dólar atinge menor cotação no ano. O Ibovespa valorizou 0,27% aos 66.806 pontos. O giro financeiro somou R$ 4,62 bilhões.

Notícia publicada às: 10/09/2010 20:00

10 de setembro de 2010 - Sem indicadores norte-americanos de peso para nortear os negócios, os investidores miraram o cenário asiático e as bolsas mundiais amargaram um dia morno de negócios. Com exceção do mercado acionário europeu, que encerrou o dia em queda, as bolsas da Ásia, NY e a paulista terminaram com leves altas.

A China anunciou hoje um superávit comercial menor entre julho e agosto, caindo de US$ 28,7 bilhões para US$ 20 bilhões. As exportações chegaram a US$ 139,3 bilhões, alta de 34,4% no confronto anual; e as importações aumentaram 35,2% na mesma base comparativa, para US$ 119,3 bilhões.

Outro dado importante divulgado na Ásia foi o Produto Interno Bruto (PIB) do Japão, revisado para 1,5% de crescimento entre abril e junho, na comparação anual, bem acima da alta de 0,4% divulgada em meados de agosto. Por lá, as principais bolsas terminaram o dia no azul, na esteira dos mercados de Wall Street na véspera.

Por lá, também saíram detalhes sobre o plano de estímulo à economia japonesa, no valor de US$ 11 bilhões. As medidas foram previamente anunciadas pelo primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, no último 30 de agosto. O reforço financeiro busca impulsionar o consumo doméstico, combater a deflação e a apreciação da moeda japonesa.

Dos Estados Unidos, contudo, mesmo diante de uma agenda esvaziada, o avanço acima do esperado de 1,3% em julho nos estoques das indústrias (Business inventories) em relação ao mês anterior foi suficiente para animar os investidores. Já as vendas cresceram 0,6% em julho para US$ 350 bilhões.

Mas, como previsto, em entrevista coletiva na Casa Branca, o presidente Barack Obama, pediu que a oposição republicana colabore para o país melhorar a situação econômica e disse que "os EUA estão sofrendo" e que não há "tempo a perder com jogos políticos".

O presidente americano defendeu suas políticas ao assegurar que levaram o país "para a direção correta", mas admitiu que os progressos conseguidos até agora são "dolorosamente lentos".

No velho continente, foi anunciado hoje que a inflação ao produtor no Reino Unido se manteve estável em agosto, após expansão de 0,1% no mês anterior, ficando praticamente em linha com as expectativas de alta de 0,1% (Banco Bradesco). Em comparação com o mesmo período de 2009, os preços ao produtor registraram elevação de 4,7%, frente à alta de 5,0% em julho.

Já o déficit orçamentário da Grécia atingiu € 14,49 bilhões no acumulado do ano, informou hoje o Ministério de Finanças do país. O valor é 32,2% menor na comparação com o mesmo período do ano passado. A receita orçamentária de janeiro a agosto subiu 3,3%, enquanto as despesas recuaram 7,7%. Ambos os valores são comparativos com o mesmo período de 2009.

Por aqui, sem tendência definida por quase toda sessão, a Bolsa de Valores de São Paulo esboçou recuperação na reta final e garantiu o segundo dia em campo positivo, mesmo com a pressão exercida pelos papéis das "blue chips" e siderúrgicas. O Ibovespa valorizou 0,27% aos 66.806 pontos. O giro financeiro somou R$ 4,62 bilhões.

Na semana, a variação também foi pouco expressiva, mas positiva, ficando em 0,19%. No mês, o índice acumula apreciação de 2,55%. Enquanto no ano, há queda de 2,6%.

Já no mercado de câmbio, à espera dos recursos que entrarão no País por conta da capitalização da Petrobras, o dólar fincou o pé no piso de R$ 1,72 visto no início da semana e terminou o dia cotado a R$ 1,718 na compra e R$ 1,720 na venda, uma desvalorização de 0,17%, patamar só comparado ao de 4 de janeiro, quando a moeda norte-americana terminou vendida a R$ 1,721. Trata-se da oitava queda consecutiva da divisa.

No acumulado da semana, a desvalorização do dólar foi de 0,64%. No mês, a moeda perde 2,11%, e no ano cai 1,32%.

Na renda fixa, por fim, os contratos de Depósitos Interfinanceiros (DIs) terminaram esta sexta-feira divididos entre a estabilidade e o movimento de alta, mesmo tendo apresentado pouca oscilação na segunda etapa dos negócios tanto na ponta curta quanto entre os mais longos.

Ao final, os contratos para outubro e novembro deste ano operaram estáveis, a 10,62% e 10,63%, respectivamente. Janeiro de 2011 subiu apenas 0,01 ponto percentual, a 10,66% e janeiro de 2012 também marcou estabilidade, a 11,29%. Janeiro de 2013, por sua vez, apresentou valorização de 0,05 p.p., a 11,64% e janeiro de 2017 subiu de 11,42% para 11,49%.

Na pauta do dia, destaque, portanto, para os dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) informando que o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) subiu 1,10%, em agosto, surpreendendo as estimativas do mercado (0,89%, segundo o Banco Bradesco). A variação registrada em julho foi de 0,22%.

Essa aceleração do índice geral é explicada pela forte alta do Índice de Preços ao Produtor (IPA), de 1,70%, sendo pressionado tanto pela parte industrial (1,40%) quanto pela agrícola (2,68%).

Mais cedo, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) informou que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) registrou alta de 0,15% na primeira prévia de setembro, próxima à expectativa do Banco Fator que sinalizava alta de 0,17%.

Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que de junho para julho, o crescimento no emprego industrial ficou em 0,3%, já descontados os efeitos sazonais, sétimo resultado positivo consecutivo, segundo mostra a Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (PIMES). Na comparação com julho de 2009, houve expansão de 5,4%, sexta taxa positiva seguida, a mais elevada desde o início da série histórica.

(MCF - www.ultimoinstante.com.br)